Os solitários da rua

23/01/2013 17:08

Andando pela comercial do Sudoeste hoje de manhã, me deparei com uma cena do cotidiano de várias cidades do Brasil, mas aquela me chamou à atenção: um homem de meia idade, com roupas sujas e rasgadas. Um maltrapilho, empurando um carrinho feito com restos de latas e barras de ferro, cheio de latas, vasilhas velhas, caixa de papelão cheio de roupas. Aquela era sua casa ambulante.

Pasmem, quando passamos um pelo outro na calçada, ele abriu um sorriso que me desconcertou. Dei bom dia, e ele com aquele sorriso aberto respondeu: Bom Dia!

Eu morrendo de medo e ele me desmontou com aquele sorriso me dizendo "não tenha medo, sou apenas um homem que não tive uma porta aberta, uma oportunidade como você, de estudar e morar por aqui".

Mais uma vez, fiquei gelada...mas dessa vez de vergonha. Daquele homem estar me ensinando que somos o que recebemos. Ele com certeza não teve as mesmas oportunidades de muitos por aqui, mas soube como ninguém ler o que passa nas nossas atitudes disfarçadas. 

Aquele encontro ocorreu em segundos e em segundos aquele homem me ensinou que a rua não ensina somente o que é frio e gelado, fome e desprezo. Aquele homem me ensinou a compreender a grandeza do ser na sua essência. Ele me aceitou como sou, e sorriu para mim assim mesmo, me acalmou com aquele sorriso aberto: "sou do bem, sou apenas um solitário da rua".